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Melissa.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

AIDS em Rio Grande e como foi o começo, leia se puder!

Então como falei ontem, os anos 80 foram os anos da descoberta, libertação, computador, skate, Atari e outras coisas importantíssimas, mas também a descoberta da AIDS, na época me lembro de ver na televisão o Cazuza bem magrinho, a morte dele e a morte do, se não me engano, ator Lauro Corona, me corrijam se eu estiver errada! Mas a gente via essa história de AIDS só na televisão, aquilo parecia uma coisa de lonnnnge, como se nunca fosse aparecer por aqui, logo aqui, se falava muito que tinha vindo da África e de macacos, não sei se isso foi comprovado, ou não, mas a AIDS veio pro Brasil. Então naquela época se via falar muito de algumas pessoas doentes nas grandes cidades, pessoas conhecidas do público, me lembro disso muito forte no ano de 1986, bom o tempo passou, se especulava muito sobre isso, pois as pessoas morriam muito rápido, o que diminuiu muito com a descoberta do AZT (medicação que interfere na reprodução ou replicação do vírus) por cientistas maravilhosos, que começaram a fornecer esperança de vida ou sobrevida pra muitas pessoas, mas nesse meio tempo o vírus foi se alastrando, era por via sexual, por transfusões de sangue e compartilhamento de seringas por usuários de drogas injetáveis, só que a população em geral não sabia dessa doença! Não se tinha informação completa de nada! Eu nem trabalhava na enfermagem e vi conhecidos meus morrerem da pior maneira possível que vocês podem imaginar, um deles teve um tumor, não sei se de dentro do cérebro ou ouvido, eu sei que aquilo estourou e ele morreu na hora (estava internado, ainda bem!). Comecei a trabalhar em 1996 na enfermagem em um hospital de Rio Grande e me lembro como se fosse hoje, o médico entrou na sala de enfermagem e tínhamos um quadro na parede, que tinha quadrinhos removíveis dependurados por pregos onde se colocava o nome do paciente, o leito e quarto, ele entrou e bateu com o dedo no quadrinho que balançou e fez aquele barulho de estar batendo na parede e disse: Vocês tem que se cuidar com esse paciente pois ele tem AIDS. OHHHHH, na época nós (eu e minha colega) que trabalhávamos a pouco, me formei e no outro dia entrei para dentro de um hospital com muita teoria e quase nada de prática, ficamos nos olhando, querendo nos perguntar e responder através dos olhos: E agora? O que a gente faz? Como cuidar e lidar com um paciente assim? Gente, naquela época era um tabu, sei lá, falar sobre isso, acho que queríamos fazer de conta que aquilo não existia ou então como se dizia erroneamente e com muito preconceito que aquilo era doença exclusivamente de homossexuais. O paciente em questão não era, mas tem muita gente que pensa assim ainda! Olha só,eu estava a um ano atrás mais ou menos na frente do meu trabalho conversando com uma mulher que esperava ser chamada para consulta, e no meio do assunto ela disse que não acreditava que existia a AIDS! Eu fiquei espantada, uma mulher com seus 50 anos mais ou menos não acreditava em uma doença que esteve dizimando pessoas? Então eu disse a ela: Quando a senhora passar pelos corredores do hospital, a senhora olhe para cada paciente que a senhora passar, pois uma grande parte está acometida por essa doença! Trabalhei em uma ala que na época era exclusivamente de doentes de AIDS, se você fosse somente portador do vírus não ficava ali, e nos outros quartos a gente ouvia sussurros das pessoas falando que "ali" ficam os "aidéticos". Ai que eu ficava furiosa quando falavam essa palavra, pois se uma pessoa tem câncer vai gostar de ser chamada de cancerosa? Não! E se ouvia muitas senhoras falando que nunca iriam pegar aquela doença, pois eram "casadas" putzzz, Então era aí que tava ralada! Pois com o marido da gente, geralmente não se usa camisinha, poucos usam, e é o certo, mas é raro! E o charme era ter amante... Mas não vem ao caso, mas voltando àquela época que faz mais ou menos 14 anos, realmente a avalanche de internações eram de homossexuais, muitos famosos na cidade e que me desculpem eu dizer, mas andavam com muitos maridos por aí!!! E também os usuários de drogas injetáveis, era o caos, eles morriam muito cedo e as medicações tinham que ser ajustadas e o vírus sofria mutação, e as medicações não acompanhavam, então era morte em cima de morte, vi pessoas com 40 dias de febre e diarreia, horrível, se imagine assim! E ainda tinha a questão de que eles não tinham uma vida regrada, ou seja, mal alimentados, drogas, bebidas, esqueciam de tomar o antigo "coquetel" a carga viral ia lá em cima, o CD4 baixava (tipo nossas defesas) e qualquer gripe podia matar. Mas para encurtar o assunto, pra não ficar chato eu acabo por aqui e amanhã eu conto o resto tenho muitas experiencias dessa época e gostaria de compartilhar, Espero por todos amanhã, quem não tiver "estômago" não venha!!!!
Melissa

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